sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Porquê Michael é Uma Lenda Viva (Black Stars, Novembro 1976)

Black Stars, Novembro 1976



Por Steve Manning


Michael é extremamente bonito, amigável e nem um pouco mimado pelo seu gigantesco sucesso e popularidade. E embora ele seja um pouco tímido no palco, ele também é um pouco tímido com suas fãs


O que alguém pode possivelmente fazer após conquistar o coração e alma dos críticos mais severos e maravilhar massas de pessoas por todo o universo.

Como 1/5 do brilhante grupo sem precedentes na história do entretenimento, o artista de dezoito anos já vendeu mais de sessenta milhões de discos.

Michael Joe Jackson amadureceu e se tornou um encantador e inteligente jovem com muitas perspectivas sobre a vida e o mundo do show business que vão muito além de sua relativamente jovem idade. Nesta entrevista exclusiva para a Black Stars, Michael revela muitos aspectos interessantes de sua vida como um "entertainer veterano".

Em uma recente visita a Los Angeles, Califórnia, eu visitei o rancho dos Jacksons na pacífica Encino, parte do pitoresco vale de São Fernando. Ao dirigir até o enorme portão de aço, fui cumprimentado pela adorável mãe da família Jackson, Katherine Jackson.

A Sra. Jackson me informou que Michael estava esperando ao lado da piscina (que é enorme) para que eu conduzisse a entrevista. Enquanto eu me dirigia até o ídolo de milhões de adolescentes, ele estava alimentando um dos muitos pássaros da sua coleção com doce de amendoim torrado; um particularmente faminto papagaio mexicano.

Foi meio difícil acreditar que este Michael Jackson era o mesmo entertainer entusiasmado, cheio de poder e energia que eu havia visto recentemente no palco. Poderia até se definir a personalidade do superastro como introvertida. "Quando eu estou no palco, cantando uma música, eu tento dar tudo de mim. Especialmente numa bela balada," diz Michael, enquanto o papagaio colorido balança no seu braço.

Você se consideraria um indivíduo envergonhado ou tímido? "Bem, eu sou basicamente uma pessoa muito quieta quando estou em casa. Eu realmente prefiro viver uma vida mais calma. Eu não sou muito de agitação. De verdade, eu me importo mais com um jantar íntimo, quando não tem tantas pessoas presas dentro de uma sala, fumando e bebendo. Eu não gosto do estilo de festa grande e glamurosa. Mas sabe o quê, aqui na Califórnia as pessoas parecem ser mais relaxadas do que pessoas em outras partes do país."

Michael Jackson se apresenta com os seus irmãos há quase doze anos (sete deles profissionalmente) e relembra o início da carreira quando a família Jackson morava em Gary, Indiana. "Eu consigo me lembrar do primeiro show de talentos que ganhamos lá em Gary. Eu acho que eu tinha cerca de cinco ou seis anos de idade. Eu me lembro de assistir Jackie, Tito e Jermaine ensaiando duro com seus talentos musicais antes de eu entrar para o grupo com Marlon. Os dias que eu passei em Gary fazendo shows de talentos foram muito importantes para mim e sempre serão," disse Mike.


Aparentemente, a luta pelo estrelato enquanto vivia em Gary teve um impacto duradouro e benéfico na mente de Michael, quando ele diz, "Muitas vezes quando estou viajando de avião nas turnês, eu penso nos dias em que meus irmãos e eu tínhamos de encarar uma viagem de horas até a Costa Leste para fazer um show, com nosso pai dirigindo a Volksvagen que tínhamos. Cara, esses foram dias duros, mas eu devo dizer que eles me fizeram apreciar melhor a vida. As coisas que eu tenho agora e o que eu já vivi me fazem ser grato. É preciso sempre dar o merecido valor ao que conseguimos."

Durante o último ano e meio, a mídia constantemente tocou - e por vezes criticou - a saída dos Jacksons da Motown Records; sua gravadora por sete anos. Então os Jacksons assinaram com o selo Epic da Columbia. Jermaine Jackson decidiu ficar na Motown e seguir uma carreira solo.

Discutindo a decisão do grupo em não renovar outro contrato de longo prazo com a Motown, o cantor principal dos Jacksons disse bem candidamente, "Eu, assim como os meus irmãos, aprendi muito com os caras da Motown. Nós queríamos expandir, ter a oportunidade de buscar mais áreas com os nossos talentos. Não há ressentimentos pelo que eu saiba. Eu ainda falo com Diana Ross e o Sr. Gordy (o cabeça da Motown, Berry Gordy Jr.) por exermplo."

Jermaine e Michael sempre foram irmãos muito unidos e grudados; e este elo de irmandade ainda existe quando Mike diz, "Bem, nós dois somos muito ocupados como você sabe, mas conseguimos nos encontrar sempre que queremos. Seja para sair, andar a cavalo, trocar fitas de vídeo ou só que seja para nos vermos e conversarmos. Eu amo o meu irmão como todos os outros membros da família, mas eu gostaria que Jermaine estivesse conosco."


Em Hollywood, sendo conhecida como uma cidade super arrogante e egomaníaca de merecida reputação, Michael Jackson permanece um constraste, um sujeito com os pés no chão. "Eu nunca achei que as pessoas deveriam sentir que são melhores simplesmente porque elas possuem uma quantidade maior de ítens materiais ou segurança financeira. Eu acredito em dividir, ajudar e dar uma mão amiga às pessoas," disse Michael.

Como a maioria dos superastros, Michael tem o poder em comandar o afeto de incontáveis belas jovens de todo o mundo. "A beleza física de uma jovem não pode de jeito algum brilhar mais do que o seu coração e espírito. A gentileza de uma garota é mais importante do que qualquer coisa, de verdade, estou sendo realmente honesto."


A busca de Michael Jackson pela beleza interior, gentileza, e sua boa vontade estão diretamente relacionadas ao seu estudo da religião dos Testemunhas de Jeová. "Todo dia eu tiro um tempo para estudar a Bíblia, não importa aonde eu esteja. Os ensinamentos da Bíblia deram uma nova dimensão à minha vida. De certa forma, me completa."

com Rose Fine, sua tutora
Se Michael Jackson está viajando pelo belo interior das Filipinas ou pelas movimentadas ruas dos Estados Unidos, ele se sente profundamente tocado pela pobreza do mundo, especialmente pela fome das crianças. "Eu amo viajar e até agora fui sortudo o suficiente para conseguir ver uma boa parte do mundo. Em certas partes do mundo, eu vi crianças famintas andando pelas ruas sem sapatos. Eu estou muito preocupado com as crianças famintas do mundo e eu espero que possa fazer algo positivo para aliviar este problema. Oh, antes que eu me esqueça, Steve, eu estou muito ansioso para viajar para a Índia um dia. É um desejo antigo meu visitar o país para ver o Taj Mahal," conta Michael.

O verão de 1976 teve os Jacksons com sua própria série de televisão. Os seus quatro programas de meia hora foram vastamente elogiados pelos críticos da indústria e pelo público. O curto programa deu mais ibope do que a Mulher Biônica em sua competitiva guerra pelos pontos na TV. "Nós gostamos muito de fazer os programas neste verão. Eu acabei de descobrir hoje que a rede de TV da CBS decidiu nos dar um programa regular para ir ao ar na programação de 1977, provavelmente em janeiro. Minha irmãzinha Janet ficou maravilhosa na televisão.

Comentando sobre os seus artistas favoritos e interesses musicais, Michael diz, "Eu aprecio todo tipo de música, de disco até um certo repertório erudito. É difícil dizer quem são meus artistas favoritos, mas eu aprecio muito gente como Fred Astaire, Diana Ross, Johnny Mathis, Stephanie Mills e Paul Anka."

Os Jacksons recentemente acrescentaram seus talentos vocais ao gênio musical de Kenny Gamble e Leon Huff para seu altamente esperado álbum de estréia na Epic Records, intitulado simplesmente The Jacksons (PE 34229). O seu primeiro single, Enjoy Yourself, escrito por Gamble e Huff, sem dúvidas será mais um disco de ouro para sua já vasta coleção. "Todos nós dos Jacksons respeitamos o talento musical de Gamble e Huff há muito tempo e a combinação do nosso trabalho têm sido maravilhosa. Nós estamos altamente ansiosos para trabalhar com eles novamente," comentou Michael.

O mundo certamente apreciaria mais gente com as características de um Michael Jackson, um honesto e verdadeiro ser humano, e multitalentoso. O que é uma lenda? Michael Jackson (mas você nunca vai conseguir fazê-lo admitir!).


Traduzido por Bruno Couto Pórpora.