sexta-feira, 29 de junho de 2012

Uma Noite com Michael Jackson (Telegraph, Agosto 1992)

Telegraph, 1º de agosto de 1992
Por Mick Brown

O homem-menino adorado por fãs e cortejado por empresários está no Reino Unido. Mick Brown conseguiu acesso raro ao seu mundo privado nos bastidores.

Mas como, as pessoas me perguntam, Michael Jackson realmente é? O problema é, Michael Jackson nunca diz. No início deste ano, em uma visita à Ivory Coast, Michael Jackson deu uma breve entrevista para um jornalista da Ebony. Foi a primeira vez que Jackson falou com a imprensa desde 1983. Ele falou sobre o movimento das estrelas, sobre como ele era um mensageiro do trabalho de Deus e queria fazer músicas que durassem por mil anos. No final de uma "entrevista" que durou aparentemente menos do que dez minutos, Jackson disse, "Isso foi mais do que eu já falei em oito anos. Eu não dou entrevistas. Você é a única pessoa em quem eu confio para dar entrevistas."

Michael Jackson está em sua suíte no décimo andar do Rotterdam Hilton, praticamente ao lado do meu quarto. Você pode saber porque tem um homem enorme do lado de fora o tempo todo. Em dias de apresentação, Jackson permanece em seu quarto.

A curiosa aura do estrelato se alimenta de forma voraz na ausência. Quando eu afasto a cortina da janela, o grupo de meninas no pavimento abaixo aponta e grita, porque Michael Jackson também está no décimo andar e as mãos movendo a cortina podem ser as dele.

Quando as portas do lobby se abrem, cabeças se viram, finalmente Michael Jackson desce do seu quarto. Os caçadores de autógrafos do lado de fora entram em alvoroço quando as portas do hotel abrem. Quando você passa pelos portões do estádio Feyenoord, onde Jackson deve se apresentar, os fãs param para investigar a imagem dele no seu passe para os bastidores.

Todo mundo que viaja com Michael Jackson assina uma cláusula de confidencialidade. Eu não tenho permissão para falar com seu cozinheiro, ou com seu médico. Seu empresário, Jim Morey, diz que prefere que eu não fale. Eu não posso falar com ninguém a não ser que tenha permissão. "Os caras da CIA conversam sobre o seu trabalho?" diz o publicitário da turnê.

Eu não posso falar com Bill Murray, que é a mão direita de Michael Jackson. Quando eu o vejo no palco - um homem já de cabelos cinzas, vestindo uma jaqueta e um chapéu, parecendo tranquilo como um homem em um feriado de pescas - eu pergunto se ele teria cinco minutos. "É claro," ele diz. "Eu volto para falar com você num instante." Ele não volta.

Eu sigo para o estádio com o motorista de Michael Jackson - um afável inglês chamado John - em uma Mercedes verde. É o mesmo motorista que leva Michael Jackson para o show. "Este trânsito," diz John, "é terrível".

Dentro do estádio, uma tenda é armada nos bastidores. Uma marquise é erguida e drinques estão à disposição das tropas, mas nada de álcool. Há uma quantidade de homens negros de grande porte, cujo negócio nós ainda não sabemos qual é, mas podemos adivinhar. Seus cartões de identidade os mostram sorrindo, mas eles não sorriem tanto pessoalmente. Eles não estão certos de quem você é, e isso os preocupa.

Durante a tarde, a área dos bastidores começa a se encher de pessoas - operários do palco, eletricistas, restauradores, roadies - mas uma hora antes do show, a área é esvaziada. Todo mundo é concentrado numa área de distância segura, como se uma pequena e controlada explosão estivesse prestes a acontecer. É dentro deste espaço vazio que Michael Jackson será finalmente entregue.

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Por praticamente qualquer critério estatístico, Michael Jackson é o maior pop star do mundo. Seu álbum Thriller vendeu mais de 43 milhões de cópias, fazendo dele o disco mais vendido de todos os tempos. Bad vendeu mais de 25 milhões de cópias, o álbum mais novo, Dangerous, cerca de 14 milhões. Ninguém nos tempos modernos se comunicou com tantas pessoas através da música como ele.

Duas milhões de pessoas assistirão Michael Jackson em sua turnê européia de dois meses. Jackson disse estar se apresentando para promover seu último projeto, a fundação Heal The World. Um comunicado à imprensa sublinha seus objetivos: tornar a saúde, segurança e crescimento das crianças a maior prioridade do mundo.

Já faz quatro anos desde a última vez que ele se apresentou na Europa. Se então a mídia tinha a intenção de celebrar o sucesso de Jackson, a onda agora é atacá-lo. Os superlativos já se exauriram. O espetáculo do show, dizem, é um disfarçe de superficialidade. As músicas novas não são tão boas quanto as antigas. Onde as peculiaridades de Jackson uma vez provocavam um certo espanto apaixonado - Wacko Jacko! - agora comportam uma espécie de vingança. Há histórias sobre suas cirurgias plásticas se desmontarem em frente aos nossos olhos, e questionamentos sobre se Jackson conseguirá algum dia superar suas próprias conquistas himalaianas.

Eu perguntei a Barry Clayman: Michael Jackson é um astro tão grande quanto costumava ser? Clayman está promovendo a parte britânica da turnê, que inclui cinco noites em frente a um total de 360.000 pessoas no estádio Wembley. "Tudo o que eu sei é que isso é fenomenal," diz Clayman. "Não há nenhuma banda no mundo que poderia atrair uma platéia tão grande. Eu acho que o homem é um gênio."

Clayman é promoter de shows há 30 anos. Ele promoveu o primeiro show dos Beatles em Londres, na boate noturna Pigalle em Piccadilly. Ele cobrou 12 libras nos ingressos e faturou £500. "Foi como vencer aquelas apostas do futebol," ele conta. Mas você vai faturar mais com este show, eu disse a ele. "Consideravelmente mais," diz Clayman.

Eu pergunto a Clayman, como é Michael Jackson? "Ele é um cavalheiro," ele diz. "E há muitos artistas nesse negócio que não são."

Eu visito o departamento de figurinos para falar com Karen, maquiadora de Michael Jackson. Ela me diz para sentar e começar e maquiar o meu olho esquerdo. O clima desta turnê, Michael decretou, é "de luta nas ruas, mas de forma interessante," então Karen arquea e estende a minha sombrançelha, tornando-a "perigosa", ela diz. Dois dias atrás, o Daily Mirror publicou um fotografia que parecia mostrar o rosto de Jackson em estado de avançada queda após supostas excessivas cirurgias plásticas. A gravadora de Jackson respondeu com negações de forma bem enérgica.

Karen é um modelo de discrição. Que tipo de maquiagem Michael Jackson usa? "Base," ela diz. "Eyeliner". Muito? "Um pouco." Alguma marca em particular? "Eu misturo e combino." Pela maior parte do tempo, ela diz, Michael faz sua própria maquiagem, no hotel, antes do show. "Eu deixo um kit já pronto para ele. Eu só faço os últimos retoques nele no camarim antes dele entrar no palco. E eu retoco um pouco durante o show." Mas como ele parece? "Ele é absolutamente maravilhoso." Assim como o meu olho "perigoso". Eu fico com ele um pouco até ele empalidecer, e então eu descubro que não consigo tirá-lo com água.


Há dois rituais nos camarins que precedem cada show que Michael Jackson faz. Imediatamente antes da apresentação, Jackson e sua banda formam um círculo por um momento e rezam. Como a guitarrista Jennifer Batten me conta, é para "trazer um sentido de unidade para a banda, ao invés das pessoas virem e irem embora todos os dias com suas energias dispersas." Ao final da oração, todo mundo grita, e então se dirigem ao palco.

O outro ritual aconteceu um pouco antes. Este envolve executivos locais da Pepsi Cola apertando mãos com Michael Jackson.

Nos últimos dez anos, a Pepsi Cola patrocinou Tina Turner, David Bowie e Madonna, assim como a turnê Bad de Michael Jackson em 1988. Mas seu patrocínio para esta turnê está sendo considerado o maior contrato de todos os tempos entre um artista e uma empresa. Enquanto a Pepsi se recusa a dar um número oficial, é dito que o contrato vale "dezenas de milhões de dólares."

O contrato é detalhado e extenso. Do lado de Jackson ele envolve dinheiro, para custear os gastos da turnê e para a sua fundação Heal The World, para qual a Pepsi prometeu arrecadar US$1 milhão. Em retorno, a Pepsi compra os direitos de "sinalização" nos shows; a autoridade de usar a imagem de Jackson em seus comerciais e incorporar o símbolo da Pepsi no logo da turnê, que decora as jaquetas da turnê, bonés e passes para os bastidores, e é projetada em dois telões gigantes de cada lado do palco. Também compra entre dez e 15 minutos do tempo de Michael Jackson a cada tarde, para apertar as mãos de executivos, publicitários do refrigerante e VIPs. Há sempre uma fila apertada de homens de negócio nos bastidores, segurando um monte de presentes, e esperando serem escortados eficientemente para o camarim de Jackson pelo coordenador da Pepsi, um homem descontraído com rabo-de-cavalo chamado Scooter.

"O que isto faz," conta Scooter, "é gerar excitação interna para a Pepsi, o que na cabeça deles se traduz para o campo de trabalho. Em outras palavras, eles fazem seus engarrafadores virem aqui e conhecer Michael e eles ficam todos animados com isso e dizem como a decisão de marketing foi maravilhosa.

Eles conversam, apertam mãos, tiram fotos. Geralmente o pessoal da Pepsi fica tímido. Michael é o maior astro do mundo. As pessoas não sabem o que falar quando estão perto dele. Mas ele as deixa confortáveis e talvez elas falem sobre outras coisas, como música." Em certos lugares, como em uma visita da Rainha ou de um chefe do Estado, Jackson recebe um presente simbólico - uma motocicleta italiana, ou uma espada japonesa de Samurai. Elas são enviadas para a casa de Jackson, para se juntar aos presentes de outros publicitários, executivos da Pepsi e promoters.

E também há o ângulo da publicidade, diz Scooter.

"Tipo, nós fomos a um hospital, onde Michael visitou as crianças e um cheque foi doado no seu nome, pela Pepsi, para a construção de um parquinho. Michael ama lidar com as crianças, e as crianças que estão doentes adoram receber a visita dele. Você devia ver as caras delas. É muito emocionante. E pelo outro lado é uma publicidade boa, limpa e saudável para a Pepsi."

Então, eu perguntei a Scooter, como é Michael Jackson de verdade? "Ele é um cara muito inteligente," diz Scooter. "Ele sabe cada passo que está dando. Ele entende a seriedade da intenção da Pepsi e sua própria intenção." Antes de Jackson visitar o Japão em 1987, Scooter me contou, a Pepsi era apenas um jogador pequeno no mercado japonês de refrigerantes. No final da turnê, a empresa já tinha 3% das vendas de refrigerantes no país. "E isto," diz Scooter, "é extraordinário."


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Michael Jackson teve o seu primeiro sucesso No. 1, I Want You Back com o Jackson 5, aos 11 anos de idade. Ele foi criado no estrelato. Nunca existiu um momento onde ele não estivesse consciente da sua própria imagem refletindo. Ele cresceu em um mundo envidraçado.

Ele superou o pai tirânico e as vontades da família para tomar controle de sua carreira. Desde então, sua vida pode ser vista como um exercício contínuo de re-invenção: a reestruturação do nariz, os olhos mais esticados, a pele mais clara. Jackson se tornou sua própria fantasia, criando uma persona que está além de raça, idade ou gênero.

O paradoxo é que ele levou este processo de camaleão todo aos olhos da publicidade, e mesmo assim se mantendo misterioso. Então, Michael Jackson é tímido? Calculador? Maquiavélico? Inocente? Feliz? Infeliz? Só podemos chutar. Ele é o vazio em torno dos mitos que se multiplicam.

Estes que o conhecem dizem que quando Michael Jackson conhece estranhos ele olha para cima, para baixo, para todos os lados menos para eles; o reflexo de quem sabe que está constantemente sendo observado. É possível que Michael Jackson não saiba o que é um comportamento normal, porque ele nunca conheceu normalidade.

"Cara," diz David Williams, o guitarrista presente nos discos de Jackson desde 1979, "Eu penso e eu acho incrível a forma como ele lidou com tudo isso. Se eu fosse ele, eu fugiria para as colinas ou para Índia, sei lá, mas Michael consegue se concentrar numa coisa e ir em frente. Ele sabe exatamente o que está fazendo em tudo. Eu lembro durante as gravações de Thriller, ele me disse que queria o respeito absoluto da indústria musical. Ele conseguiu isso, mas Michael... ele sempre quis ir além e superar suas próprias conquistas."


(parte 3) 

A única forma de ter acesso ilimitado a Michael Jackson, se fala, é se você tem menos de um metro de altura. Um artigo recente na revista Rolling Stone detalhou os objetos da mansão californiana de Jackson, estimada em $22 milhões e chamada, apropriadamente, Neverland. Ela é descrita como um paraíso infantil: um zoológico particular e um parque de diversões; quartos repletos de video games, brinquedos e trenzinhos. Ônibus repletos de crianças carentes e com doenças terminais são trazidas para brincar com Michael. Ele confia nas crianças.

Jackson publicou um livro para coincidir com sua turnê chamado Dancing The Dream, um livro de poemas e prosas sobre dança, o universo, golfinhos, sua mãe, Deus. Acima de tudo, sobre seu desejo de permanecer na infância. Há um quê de idealismo adolescente, curiosamente tocante pelo fato de ser escrito por um homem de 33 anos. Mas é difícil conciliar esta ingenuidade excêntrica com um homem que lidera o que é efetivamente um negócio multi-milionário.

As pessoas que trabalham com Jackson falam sobre "os sonhos de Michael" e sobre torná-los realidade. Mas apenas quando você chega perto deste show que você percebe finalmente que empreendimento gigantesco ele é. Os sonhos de Michael não são baratos. Eles incluem o uso de um kilo e meio de explosivos toda noite, três lasers, 240.000 watts saídos de três geradores produzindo energia o suficiente para iluminar uma cidade pequena.

O sonho também requer um exército de dançarinos, músicos e equipe de palco. A equipe permanente da estrada inclui 160 pessoas. Com o acréscimo da equipe local, esse número sobe para 240. Requer 57 caminhões para trafegar o equipamento pela Europa. Leva 23 horas para montar o palco, oito horas para desmontá-lo. "Muito tempo," diz Benny Collins, o gerente de produção. Ao fim da turnê, ele espera diminuir o número para seis horas.

"Michael está pessoalmente envolvido em tudo," diz Collins. "Ele é quem dirá se ele quer mais luz, um efeito maior, o que seja, ninguém mais. Ele olha tudo, presta atenção em tudo. Ele controla a bagunça toda."
 

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Mas como, eu pergunto a David Williams, Michael Jackson realmente é? Williams coça seu queixo. "Ele é quieto. Tímido. Esperto. Muito talentoso." (As pessoas ao redor de Jackson tem a tendência de falar de forma epigramática. Quando eu faço a Benny Collins a mesma pergunta, ele diz 'Mágico. Afetuoso. Divertido. Profissional. Persistente.')

"Você está no estúdio com Michael," diz Williams, "ele está sentado ali, não vai fazer um barulho. Mas quando está bom ele vai começar a dançar. Ele não diz uma palavra, cara. Apenas desliza pelo chão..."

"Michael não é uma fabricação," ele diz. "Ele é totalmente verdadeiro. E ele é divertido também. Michael é completamente normal. Nós falamos sobre comida, mulheres, música, filmes - coisas comuns."

Benny Collins o descreveria como incomum? "Quem, Michael? Incomum?" Collins obviamente acha que a pergunta é ridícula. "Não, eu acho que ele se veste com muita elegância, até."

Mas ele é uma pessoa interessante de se conviver? "Sim, ele se interessa por muitas coisas que a maioria das pessoas não se interessam. Antiguidades. Livros antigos. Ele é um leitor insaciável. E ele gosta de pessoas, gosta do que elas acreditam.

Mas como, eu pergunto, como ele realmente é?

"Michael? Ele é apenas Michael. Ele é como você e eu," diz Collins. "A diferença é que ele é um astro."
 

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Assim que Michael Jackson está seguro em seu camarim, o alvoroço lá fora acalma.  O clima de ansiedade cresce em escalas palpáveis. Michael está aqui. Ele está esperando acontecer. Alguns minutos antes do início do show, a área é evacuada novamente, e uma polida limusine estaciona ao lado do camarim para levar Michael Jackson até o palco.

Ele aparece, quase literalmente, como um tiro, encharcado em uma chuva dourada que cai do teto até o chão do palco e, por talvez dois minutos, ele permanece petrificado. A febre, a histeria de imprensa, as notícias sobre dinheiro e plásticas, sobre se é maior ou melhor do que antes - tudo isso é momentaneamente calado. Agora o espetáculo toma a frente e ele, como um absurdo menino-príncipe esvaziando uma gigante caixa de brinquedos no playground mais caro já imaginado.

A performance de Jackson é uma fantasia de criança sobre gangsters e filmes de terror, e videogames e foguetes espaciais. E mesmo assim há dois momentos em particular quando se sente que Jackson chega o mais perto que se permite de uma auto-revelação. A primeira é durante uma música chamada Human Nature - uma bela balada de Thriller - quando o tumulto se cala e há apenas Jackson, deslizando pelo palco, cantando, como se para si mesmo, extasiado, estático, perfeitamente confortável.

O segundo momento é quando ele canta Heal The World - a música da Fundação - e crianças vestidas com roupas nativas dão a volta em torno de um globo inflado. Essa sequência é resgatada do grotesco pela percepção de que Michael Jackson realmente a acha doce, e confia que a platéia de boa natureza também acredite que é.

Crença, e a suspensão da descrença, essa é exatamente a essência do que Michael Jackson faz. Em três momentos de sua apresentação ele cria seu próprio desaparecimento por uma série de ilusões, deixando o gran finale para quando ele sai voando do como um foguete - um Peter Pan da alta tecnologia, voando de volta para a Terra do Nunca. 


 
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Antes do show, eu estou sentado falando com Barry Clayman. Nós encontramos um lugar para sentar dentro da área dos camarins. De repente uma van vermelha estaciona do lado de fora. Bill Bray desce seguido por dois meninos, e Michael Jackson.

Ele se dirige ao quarto, uma figura alta, magra, vestida com calças pretas e uma jaqueta dourada. Seu rosto é branco. O rosto mais branco que já vi. Como a lua. É impossível saber se ele está usando uma máscara ou não. O quão estranho é agora ver este rosto, capturado no fragmento do tempo entre a total familiaridade e a primeira apreciação.

Ele reconhece Clayman, estende a mão e mal suspira, "Como você está?" Na mesma hora ele me percebe, todos me percebem, olhando com meus olhos "perigosos". Em um gesto involuntário, ele levanta seu braço até o rosto, para bloquear a minha visão. E então ele começa a andar. Mais como um galope, saltando na sola dos seus sapatos.

Então alguém me pergunta depois, como é o Michael Jackson? Ele estava aqui, eu digo, e, de repente, ele já não estava mais.




Traduzido por Bruno Couto Pórpora