O Globo, 26 de agosto de 1993
LOS ANGELES - Alegando uma desidratação, o cantor Michael Jackson cancelou ontem o segundo show que faria em Bangcoc, na Tailândia. Um dos assessores da turnê Dangerous, Brian Marcar, declarou que o adiamento do concerto - que deveria ser realizado hoje - não tem relação com a acusação de que Michael teria abusado sexualmente de um menor, noticiada na segunda-feira em Los Angeles. Marcar e o médico particular do cantor informaram que o forte calor e a umidade de Bangcoc causaram o mal estar. Mas, segundo seu médico, a saúde de Jackson - que completará 35 anos neste domingo - é boa, permitindo que ele cumpra a intensa agenda dos próximos meses. Antes de desembarcar em outubro na América Latina, a turnê Dangerous também prevê apresentações em Singapura, Formosa, Japão, Rússia, Israel, Turquia e Ilhas Canárias.
O departamento de Polícia de Los Angeles ainda se nega a divulgar detalhes sobre o suposto caso de abuso sexual, envolvendo Michael Jackson e um menor de idade. Mas uma fonte não-identificada teria tido acesso a documentos confidenciais e se comunicado com a agência de notícias Associated Press. Segundo esta versão, a polícia entrou no caso no dia 17 de agosto, depois de um menino de 13 anos, filho de um dentista de um rico bairro de Beverly Hills, ter contado ao seu psicanalista que tinha sido vítima de abuso sexual por parte de Michael. As identidades da suposta vítima e dos seus pais - que estariam divorciados e lutando na Justiça pela guarda do filho - continuam desconhecidas. Mas o advogado da mãe do menino, Michael Freeman, entrevistado pela TV NBC, de Los Angeles, disse que ela não sabia de nada sobre as acusações até ser procurada pela polícia. Segundo Freeman, o pai solicitou uma ordem judicial para impedir que a mãe permita que Michael veja ou se comunique com o filho.
Há também informações de que Michael e o menino eram amigos íntimos. O jornalista Randy Taraborelli, autor de uma biografia não autorizada do cantor, contou que os rumores sobre o caso começaram há quatro meses. O garoto visitava Jackson constantemente e teria o acompanhado em viagens pelos Estados Unidos e a Europa.
Através de um comunicado divulgado nos Estados Unidos por seus advogados, Michael Jackson disse que espera que a polícia esclareça tudo "com profundidade. Os resultados demonstrarão que não fiz nada de errado." Os advogados de Michael e um membro de sua segurança, Anthony Pellicano, continuam sustentando a hipótese de o cantor estar sendo vítima de uma chantagem. Por sua vez, Tony Ollsely, presidente da Pepsi Cola-Ásia, principal promotora do cantor, afirmou que não há motivos para cancelar os concertos da turnê mundial de Michael Jackson.
