quinta-feira, 18 de setembro de 2014

Jackson Five, as primeiras impressões (Folha de S. Paulo, Setembro 1974)

Folha de São Paulo, 13 de setembro de 1974
Por Carlos A. Gouvea

O Jackson Five e sua comitiva composta por 21 pessoas desembarcaram ontem no aeroporto de Viracopos no horário previsto, 13h30. Porém, só conseguiram chegar ao Othon Palace Hotel, onde estão hospedados, por volta das 18 horas. Segundo seus empresários, Koski e Ellis, o atraso deveu-se à burocracia existente em Viracopos e também à determinação do chefe de segurança do grupo que impõe aos músicos que andem juntos.

Bem diferente da entrevista coletiva de Alice Cooper à qual muitos elementos estranhos à imprensa estiveram presentes, tudo ocorreu na maior calma com o Jackson Five. Os integrantes do grupo mostravam-se cansados e pediram que as perguntas fossem feitas rapidamente.

A primeira pergunta, inevitavelmente foi sobre o Brasil, e a resposta, como não poderia deixar de ser, foi lisonjeira. "Uma verdadeira Máfia envolve o mundo fonográfico, sendo suas atividades mais intensas nos Estados Unidos e Europa." Quando essa pergunta foi formulada, os seis elementos do Jackson Five olharam para seu pai e empresário Joe Jackson, que se limitou a responder que "eles não respondem a esse tipo de pergunta."

Bebendo refrigerantes, os rapazes do conjunto iam respondendo às perguntas mais fáceis, deixando as mais difíceis para o pai. Duas perguntas embaraçaram um pouco o velho e calejado Joe Jackson. A primeira foi sobre a inclusão de Randy, o irmão mais novo do grupo, com 12 anos de idade. O repórter referiu-se à mudança de voz de Michael Jackson, que até aqui era a atração do conjunto, o qual passou a necessitar de uma outra criança para continuar a ser um atrativo comercial. Joe Jackson, após breve hesitação, disse que "Randy entrou porque quis entrar", o que não convenceu a ninguém.

A outra pergunta foi sobre se o fato de os pais acompanharem o grupo a toda parte seria mais uma motivação comercial para criar uma imagem positiva para o conjunto. Joe mais uma vez coçou a cabeça e disse que não, pois ele viaja na condição de empresário.

Apesar de seguirem a linha do soul-music e cantarem para um tipo determinado de público, Jermaine Jackson disse que tocam soul e rock, e que seu público é de todas as idades. O que acontece realmente com esse grupo é que seu público se situa numa faixa entre 5 e 14 anos, segundo afirma Chris Welch, colunista do Melody Maker.

Quanto à diferença entre arte e comércio, Michael Jackson foi interrompido por seu pai quando tentava responder. Joe disse que todos estavam satisfeitos com as produções que foram feitas até agora, e que os albuns-solo de Michael e Jermaine não representam uma divergência de estilo, e sim novos trabalhos postos à venda.

Joe Jackson revelou que o grupo iniciará as filmagens de uma superprodução cinematográfica no próximo mês. O roteiro do filme é sobre a guerra de secessão nos Estados Unidos, no século passado.

o grupo estará se apresentando hoje às 21h no Palácio das Convenções do Anhembi a preços entre Cr$180,00 e Cr$70,00. Amanhã, no Pavilhão do Anhembi, às 17h30, com preço único de Cr$20,00.